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sexta-feira, 18 de junho de 2021

 







                                       Nã sei pru nonde começar. Tantas mentiras pru meu lado, crem deus padre. Até bruxaria inventaram. Pura ostentanção, ou são malucos, ou não querem me encontrar, querem me matar. Monstros são eles, pai. Não caçam um homem, caçam um animal. Estão só esperando uma desculpa para me matarem e colacar arma em minha mão, como fizearam com Cambuti, depois que mataram puseram um revolver em sua mão e dispararam todas as balas, quando fizeram o exame de pólvora estava lá os residuos nas mãos. Polícia tudo marginal paga por cidadãos para proteger os maiorais. Vandalizam terreiros, racismo puro. Escravos ainda. E um feiticeiro branco dizendo não haver recuperação. O que é a psiquiatria senão o curandeirismo do branco? Ah, mundo, ah, mundo, quão imundo. O que? Presidente? Me querem? Eu? Que, de importante fiz? Fugir? Sei, fugir é se defender, é direito, não é covardia, ninguém é obrigado a dar provas contra sí. Me caçam, gastam fortunas, enqanto outros são mortos sem socorro. Senescais me buscam. Fazer leis não sabe,  a deputada, com fusil, arrota valentia, ganha mais fazendo gugas. Também pago impostos, Estado tem  de proteger, fuga é direito, a caçada ilegal. Não estava só, dana, não matei, nem pude impedir. Só distriar o povo e passar la mão, enchendo os bolsos. Dinheiro tanto, de matar muita fome. O último dos moicanos, pensam. Não serei, hão de vir outros como se foram outros. Lampião, heróis de verdade, não como Pelé,  fabricado. Por quem os sinos dobram? Por mim, não, mas se for, também por vós, será. Mato, p´rele, é  quintal.  Camaleão, anda, passeia, come, dorme e foge à chucha calada. Sabido quiçó. Como indio, caminha, de costas. Caçada nuga, só gastar grana. Tomando no boga, todos. De ficar putim da vida. N´hora qu´ele cansar, se entrega. Tá sem arma, só uma garrucha veia da xuxa. Nenhum rulque ele é. Enquanto isto, os mandelas se espraiam. E eu  neste coió, fome, sede e frio. 

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